Para Lumyah e Guilherme Raphael
Evaldo Macadame
Sede da policia federal.
Delegado Paulo:
– Ô Julio? Que merda foi aquela?
Julio distraído, olhava para as pernas bronzeadas da agente, que controlava microfone, câmera e polígrafo.
– Merda? Que merda? Ou melhor, qual das merdas? Tem tantas, que me sinto perdido num vendaval de bosta, seu doutor delega. O mundo fede!
– Ô meu cara, deixe de sandice e poesia. Vamos aos fatos. Você éra o monitor do cara.
– Um dos, seu doutor delega. Um dos. Todos os outros desistiram dele. Ele era um puritano e um idealista. Não era polícia. Nunca deveria ter sido aceito nos quadros.
– Pois eu discordo. E digo mais, vou descobrir qual de vocês falhou com Evaldo. Sinalizou para a agente que parou de gravar e filmar. Você não passa de um carreirista covarde, oportunista e invejoso Júlio. E eu e minha equipe, um dia vamos te enquadrar seu salafrário.
– Quê isto doutor? Eu tô dando meu sangue aqui tem mais de quinze anos. Muitas coisas saíram do controle é verdade. Mas o que fez as coisas chegarem até o ponto em que chegaram; foi mero acaso. Uma seqüência de acidentes e mal entendidos, que não poderiam ser controlados ou arquitetados, nem pelo maior gênio do crime. Tú sabe delega. Tú sabe!
– Ô, filho de uma quenga; pára de me chamar de delega, que aqui não tem nenhum classe média; e eu te manjo já faz mais de dez anos.
– Olha Paulo... Você quer saber mesmo o que eu acho que aconteceu?
– Estamos aqui é para isto. E você só sai do prédio caminhando, se abrir o bico. Eu dispenso todo mundo e te ponho eu mesmo no pau-de-arara e encho teu rabo de choque.
– Ssssss... ai... Paulo, não fala assim que eu fico apaixonado irmão.
Paulo levanta da cadeira e, sua mão enorme segurando uma lista telefônica, atinge Júlio com força suficiente para derrubar um cavalo pequeno.
– Desembucha coisa ruim, antes que eu desapareça com você, seu maldito banda podre!
– Bom, já que é assim deste jeito que você quer... – Julio dá de ombros.
Para começar, fique você sabendo que a maior parte do que aconteceu; é exclusivamente culpa sua. Você o treinou muito bem. Você o condicionou a viver sob padrões abaixo da linha da miséria mais absoluta. Você permitiu que ele tivesse acesso a línguas. Conhecimentos de mecânica, hardware, software, história, geografia política, armas, combate corpo a corpo e direito. Depois o manda recém formado, para se despersonalizar e se decompor até virar um mendigo e o deixa, seis meses assim sem nenhum contacto ou apoio; fora o que ele mesmo levou escondido consigo. A verdade, meu caro amigo Paulo; é que o moleque tinha um demónio dentro de si. E nós o abandonamos. – O rosto de Júlio se contrai numa careta de dor, que quase chega a comover Paulo.
– Recebemos notícia de que ele havia se acidentado, por outro infiltrado que não tinha nada ver; mas se lembrou do nosso garoto. Foi internado pela graça divina; em um hospital imundo. Onde ficou amarrado em um cama nos corredores urrando de dor; por pelo menos uns três dias, até uma enfermeira caridosa se ligar que ele não era louco. Apenas, tinha uma concussão na cabeça, desidratação e fome; além de ser um cara bem apessoado por baixo daquela barba suja-imunda de mendigo. O motivo da amnésia, foi a concussão confere? Desidratação e fome faziam parte do treinamento; confere? E ela o ter levado para casa, foi por ela ser uma pessoa maravilhosa e ele ser um menino lindo; confere? Quer saber mais seu viado? Ou vai largar o osso?
Paulo observa Julio, com um brilho insano no olhar.
– Bola pra frente, que este teu papo tá qualquer coisa. Vamos lá; me convença.
– Olha, seu escroto... O que Evaldo fez com uma tampinha de garrafa, um pedaço de caco de vidro e com um prego enferrujado; eu não conseguiria fazer nem com um facão. Ora, diabos nem com dois facões. Talvez, com uma lança de matar rinocerontes alguém conseguisse. Acredito, que São Jorge conseguisse.
Evaldo Macadame, desceu no aeroporto de dentro da cidade. Recém formado pela Polícia Federal; estava já em sua primeira missão. Agora a vida tinha sentido. Agora a vida seria doce. Agora recuperaria tudo o que foi perdido.
Vindo de uma família classe média da capital, Evaldo Macadame, foi testemunha da mudança de status quo acontecida nos anos oitenta e noventa que exterminou a classe média como nós a conhecíamos no país. Sua família gradualmente, foi perdendo posses e o padrão de vida pouco-à-pouco foi pro brejo. Chegou o dia em que perderam tudo. Foram banidos para as periferias. Esquecidos. A única coisa que Evaldo não perdeu, foi a cultura. Não conseguiram roubar o frutos doces que brotavam em sua mente, graças a seus estudos. Graças as boas escolas que seus pais lhe pagaram. Na periferia, continuou estudando. Desviou-se das quadrilhas, das rameiras, dos pedófilos, dos estelionatários, das doenças venéreas e do dinheiro fácil. Passou com ótima colocação e ficha limpa, nos exames da policia federal. Sua forma física era perfeita. Guerreiro urbano modelo.
Aqui estou eu, pensava Evaldo. Na cidade maravilha mutante. Passou alguns dias num apart hotel. Nadou nas praias. Comeu os melhores frutos do mar, bebeu os melhores licores. Um dia, saiu do hotel sem nenhum documento. Vestia bermudas, chinelos e camiseta. Para lá, nunca mais voltou. No terceiro dia nas ruas, já estava fedendo muito. No quinto dia; tornou-se invisível. Ficou pasmo; como as pessoas deixaram de vê-lo. No primeiro dia, ignorando as ordens recebidas; escondeu muito bem escondido e acondicionado, no esgoto próximo a entrada da favela. um cartão de crédito ouro com cobertura garantida de dez mil por doze meses. No saco, antibióticos e uma nota de cinqüenta, quase todo mendigo faz isto. As pessoas, passavam por cima de seu corpo sem pisar, com medo de sujar os pés. Olhavam em seus olhos, mas não o viam. Ele foi acostumando-se a isto. Estava preparado para tais situações. Não era isto, que iria tirá-lo de sua meta. Ele iria salvar o mundo, o mundo querendo ou não. Ele já tinha devolvido aos pais, tudo o que lhes havia sido tirado. Agora iria salvar a si mesmo e o mais importante, iria salvar o mundo. Os anjos, haviam sussurrado promessas em seu ouvido. O que Evaldo não sabia, é que todo anjo é terrível.
A missão, era colher informações sócio-económicas das comunidades. Elas formavam a grande favela. A grande favela, gerava milhões e ao mesmo tempo; morria de fome. Nomes, atos e fatos. Quem matou quem, porque, quem fazia o quê e onde. Desde o alto mar; até o topo do morro se possível. A Favela o via. Lá ele não era invisível. Era gente, um cidadão, um sofredor, um ser humano completo ou melhor; incompleto. Como todos nós. Nos primeiros dias, sempre dormia ao relento. Mas rapidamente foi adotado e depois disto; quase todo dia havia algum barraco que lhe abria as portas e permitia que dormisse longe do frio, das balas e do sereno que castigava as madrugadas. Nesta época, começou a questionar seus atos. Mas não fraquejou. Também estava preparado para isto. Disseram que, quando estivesse fragilizado, sua mente o obrigaria a revisar pontos de vista. Começou a usar entorpecentes de primeira categoria.
O acidente é que mudou tudo. Um ônibus. Um menininho. Uma mamãe sendo trolada.
Estava andando vagabundo pela calçada de uma área de feira e comércio na zona sul, próxima a favela. Um ônibus desceu lotado a ladeira em velocidade. Fazendo a curva para parar no ponto de ônibus próximo ao mendigo. Evaldo mendigo, dotado de extraordinário poder de observação, viu tudo e antecipando-se na seqüência correta; pode agir a tempo. Segundo o treinamento, isto foi uma grave quebra de protocolo.
Viu Julio, atrás de um monte de roupas dependuradas em um barraquinha, pegando por trás uma menina-mulher morena de no máximo dezesseis anos. Viu o menininho, filho dela, de três anos; andando ao Deus dará junto ao meio fio. Viu o motorista enlouquecido, com o ônibus lotado fazendo a curva em desabalada carreira vindo na direção do ponto de ônibus e o menino no meio fio em seu caminho. Sabia, que a quina da frente do ônibus avançaria uns cinqüenta centímetros para dentro da calçada. Sabia, que isto ia matar o menino. Sabia que sua mãe havia engravidado aos treze anos e precisava de dinheiro. Sabia que Julio havia colocado cinqüenta contos na mão dela e a estava enrabando sem camisinha. Sabia que Julio era doente bem sucedido no tratamento do HIV. A careta de dor da menina, a cara promíscua de Julio. O olhar inocente daquele menino. Não pensou; agiu. Salvou o menino, e o ônibus fraturou-lhe o crânio. Caiu semi-inconsciente na calçada imunda. A morena deu um grito livrou-se de Júlio, ergueu a calcinha e baixou a mini-saia jeans. Correu para o filho. Amparou o menino e Evaldo nos braços. E começou a berrar e berrar para chamarem ambulância, que aquele herói caído alí na sarjeta, tinha acabado de salvar a vida do seu amado menino.
O resgate foi feito por uma enfermeira que o levou para a própria casa. Após ser abandonado no corredor do hospital, Júlio achou que Evaldo Macadame morreria em vinte e quatro no máximo quarenta e oito horas. Mas Evaldo, ficou lá resistindo por três dias. E graças à sua beleza e cultura; após ser medicado pela enfermeira e voltar um pouco a si; recitou para ela uma poesia.
“ Das coisas que trago em minh’alma bem poucas há que me exaltem.
Pois de tudo que da vida tenho ganho; ganhado-me as tem
A vida que levo.
Porém a tantos eu tenho alegrado,
na mesma proporção em que me vejo entristecido.
É uma dor que não me mata, mas fere o que tinha morrido.
Como uma chaga que não sara, a traição de um amigo
Se vivo em constante contraste...”
O amor mais bonito, nasceu no coração de Evaldo Macadame e da enfermeira Sila. Ela era linda também. Apesar de bem magrinha de tanto trabalhar. Comia como um estivador. Tinha um corpo saudável, ávido por amar. Evaldo desmemoriado, meio febril, meio ébrio, meio alucinado descobriu este amor. Conversavam, cantavam, inventavam histórias e faziam sexo vigoroso, sublime e restaurador. Acharam dentro deles mesmos, pessoas que nunca imaginavam possível existirem. Aí, Sila foi levada por traficantes, que descobriram antes do próprio Evaldo sua identidade. Macadame pirou de vez.
A perseguição. No primeiro dia ele saiu bem vestido e barbeado pela cidade. Ouvia gritos na multidão e corria. Parecia Sila chamando-o. Pedindo socorro. Pedindo seu amor de volta. Pedindo resgate. Inconscientemente em apenas quatro dias, decompôs-se novamente. Arrumou uma peruca, vestiu-se de travéco usando roupas de Sila e subiu o morro novamente.
Seduziu meia dúzia de aviões pelos becos e, chegou a tempo no alto do morro, momentos antes de Sila virar buxa de balão ao som de funk. Traiçoeiro como uma serpente; foi eliminando os aviõezinhos com um prego enferrujado que fazia correr rasgando veias, artérias, tendões, estômagos e globos oculares. Ao chegar no alto do morro, estava muito bem armado. Tinha munição, colete, fuzil, metralhadora e pistola. Tudo do exército.
Sila, já estava dentro de sete pneus de carro encharcados de gasolina, quando ele atingiu o frente com um tiro certeiro de fuzil. Com outro tiro, arrancou o braço do bandido que segurava a tocha. Outro disparo aleijou mais um indivíduo arrancando a canela do malandro abaixo do joelho. Movia-se com rapidez de sombra em sombra. Deu voz de prisão ao resto do grupo, que achando que estava cercado, abandonou as armas e fugiu. E assim, ele livrou Sila da morte certa. Carregando-a nos braços desceu o morro. Lá no asfalto, havia muitos camburões da PM.
Alguém gritou:
– Este aí é frente! Este aí é frente!
Um tenente da PM chegou bem perto de Evaldo e disse:
– Um presente pra você!
E estourou a cabeça de Sila, com um tiro à queima roupa.
Havia um bueiro nas proximidades e, Evaldo Macadame, após desarmar com facilidade o PM, usando-o como escuro levou os dois para as profundezas dos esgotos; aonde o tenente, arrependeu-se amargamente de ter nascido. Tudo que Evaldo usou, foi apenas um caco de vidro de garrafa de cerveja.
Usando o rosto do Tenente como máscara, Evaldo emergiu mais à frente como um pesadelo. Atravessou a avenida trocando tiros com a polícia. Atirou numa porrada de motoristas e isto lhe permitiu que escapasse. Num sinal fechado, estourou o vidro da janela de uma Nissan e arrancou pelos cabelos a madame que encontrava-se lá dentro. Saiu cortando a cidade a 160 Km por hora. Mais pra frente, trocou de carro, abatendo o motorista com tiro de fuzil. Seguiu adiante. Trocou novamente de carro e este motorista sobreviveu, apenas por estar vestido de branco. E mais uma vez. E de novo. Até que bem longe da confusão, internou-se novamente nos esgotos, onde encontrou-se com o diabo.
Usava um isqueiro bic para locomover-se nas trevas fedidas do esgoto. Ratazanas o atacavam e ele as abatia com as mãos; ou a dentadas. Precisava guardar munição. Foi quando ouviu o chamado.
– Elessssss... Elessssssss... meu amadoooo Evaldo. Eles são o cú do mundo meu filho. Lá em cima não tem amorrrrrrr meu filho. Elessss destruíram sua vida. Destruíram tuuuua família. Mataram o mais puuuuuro amor. Meu filho... Elaaa está bem. Elaaa está comigo e está bem. Eu entro em você eeee te mostro. Eu entro em você e te levoooo. Eu entro em você e você me dá sua alma. Eu entro em você e te redimo. Eu entro em você e te redimo. Eu entro em você e te salvo. Eu entro em você e te vingooooooo.
Evaldo sem pensar duas vezes diz:
– Vém! Pode pegar. É tudo teu. Me leva meu anjo. Por favor, me leve meu anjo. Agora!
O que emergiu daqueles esgotos, não era mais Evaldo Macadame.
Evaldo Macadame, limpou a cidade naquela noite e em outras. Invadiu quartéis. Liderou multidões. Mas o mundo, pouco mudou.
Ao fim de sua peleja, já muito ferido, Evaldo olhou para o diabo e disse:
– Agora pode me levar.
O anjo respondeu:
Quem disse que eu sou o diabo? Sou arcanjo Gabriel. Agora, você vem em meus braços. Vou te levar de corpo e alma para o céu.
Delegado Paulo.
Paulo após a saída de Julio, diz para a agente:
– Vai com ele pra casa dele. Usa duas camisinhas. Mate-o durante o sono. Faça parecer acidente.
Fim.
Translate
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Evaldo Macadame
Happy Pig - A Boate do Fim do Mundo
Estavam pra lá de felizes e embriagados, Rita e seus
amigos. Tratavam de considerar todo dia, como se fosse o último dia. Era
uma missão de paz num país estrangeiro, que não plantava nada, que não
fosse mina terrestre. Que produzia, apenas armas químicas e doenças
advindas da miséria. Por isto, a boate Happy Pig era divina.
Ace of Base, remixado por um Dj insano e fã de Hard Rock; regado a tequilas infinitas. Soldados, homens e mulheres, de várias partes do mundo.
Gabe, Sully, Kraven, Rita e Drew missionários em um mundo pagão; bailavam sob a chuva púrpura e luzes estroboscópicas.
Sargento Gabe, ajoelhou-se no chão. Sacudia. Tenente Rita, ruiva e depilada aproximou-se requebrando, chacolhando a mini-saia. Rebolava lentamente dentro de sua micro calcinha. Enfermeira Sully, morena clara de cabelos negros curtos com uma roupa transparente colada ao corpo, prendia o recruta Drew como se fosse um sanduíche com a ajuda loira da deliciosa cabo Kraven, que parecia usar somente biquíni e botas de cano alto. Foi aí que ele entrou. A coisa.
No meio daquele festim, não ouviram nem viram o que acontecia ao redor. Happy Pig, não estava muito cheia. Nunca enchia. O que não impedia, das luzes da boate serem de primeira qualidade. Um antigo reservatório subterrâneo de águas, convertido em centro recreativo; pelos primeiros missionários no início da guerra.
A criatura entrou neste subsolo, ofuscada pelas luzes intensas. Muito confusa, não conseguia agarrar ninguém para morder. Num segundo, as pessoas estavam num lugar e no mesmo instante já estavam em outro. Efeito estrobo. Foi quando a coisa encheu o saco e, subiu no balcão urrando de frustração. Estava podre e toda coberta de pus. Um líquido amarelo, escorria pelos de seus múltiplos ferimentos. Sob a luz negra, a coisa o zumbi; adquire uma aparência impressionante, fenomenal. Seu sangue escuro, brilhava refulgente como se fosse néon liquido. Seus ferimentos, repletos de bactérias, assumiam cores inusitadas. Verdes, amarelas, laranjas, roxas. A criatura, urrou novamente, estendeu os braços pra galera e agoniada, começou a sacudir-se como um cachorro molhado; espirrando luzes coloridas em todos que estavam ao seu redor na Happy Pig.
O cozinheiro da boate, furtivo apareceu por trás do balcão, subindo num banquinho cravou seu cutelo no crânio do morto-vivo e sumiu com ele. Rita baixou a sainha, olhou para os amigos e disse:
– Pô gente, agora perdeu a graça; estamos todos sujos de muco e sangue de zumbí! Nem posso dar uns amassos no Gabe, se não ficaremos infectados. Vamos todos embora tomar um banho. Procuremos outro lugar para relaxar. Como Rita era o oficial mais graduado; todos acataram suas ordens apesar de caindo de bêbados.
Após o banho, retornaram ao Humvee e partiram. Kraven, deu um gole na tequila e perguntou a Sully:
– Hey sister; trouxe algum narcótico pra gente? Estou pra lá de Bagdad. Ajude-me.
Enfermeira Sully, olhou com uma carinha levada para eles. Sustinham a respiração.
– Calma meus pacientes, que eu trouxe todas as drogas regulamentadas pelo exército.
Anfetaminas de terceira geração pro Gabe, antidepressivos de quarta geração pra Rita e pra mim, Beta-morphi sintética de curto prazo pro Drew e pra você Kraven minha linda; um monte de pílula azul.
Rita, medicou seus pacientes e a si mesma. Continuaram.
O Humvee, subiu com facilidade as amplas escadarias da biblioteca da cidade. A fachada, tinha sido explodida e seus destroços removidos. Estava abandonada desde o começo do conflito. Agora, era apenas mais um centro de recreação física e química. No enorme saguão central, havia muitos combatentes divertindo-se ao redor de uma fogueira, que estava dentro de um largo barril metálico. Alimentavam-na à base de livros. Todos achavam isto coerente, visto que toda a cultura ocidental foi insuficiente para evitar o apocalipse.
Foram para um canto da enorme biblioteca, retiraram do Humvee a caixa refrigeradora com as bebidas. O som dos outros jipes Humvee era alto; mas o deles também o era. Ligaram o som.
Unforgiven começou a rolar trombeteando pelo espaço. Um arremedo de morto-vivo sem pernas, começou a arrastar-se na direção do grupo. Gabe, casualmente aproximou-se de uma estante ciclópica, dela retirou o que parecia ser um farto dicionário. Aproximou-se com cautela pelas costas do zumbi e, segurando o livro com a duas mãos; começou a dar pancadas na base do pescoço podre da coisa com o pesado volume. Após umas dez porradas fortes, a cabeça soltou-se do corpo e o zumbi aniquilado, parou de se mover. Kraven linda, beijava Drew com intensidade. Na guerra havia perdido o filho de dezesseis anos e, não sabia se fazia amor com o jovem recruta Drew por tesão, ou para redimir-se. Nunca mais permitiria, que um jovem fosse comido ou transformado por uma daquelas coisas. Drew, ficaria na sua cola até tudo isto acabar. Rita agora sem depressão, tomou uma golada de tequila e disse:
– Qual de vocês será o primeiro a fazer strip hoje? Quem perdeu a aposta na semana passada?
Todos gritaram em uníssono:
– Quem perdeu a aposta foi você, tenente Rita – e riram ingenuamente.
– Pô, ainda bem que me depilei hoje. Preparem-se meninos. – E subiu no alto do Humvee.
Comfortably Numb, começou a ser executado no som do Humvee.
As outras equipes, foram aproximando-se devagar mas, com interesse. Não era todo dia que a grande tenente Rita perdia uma aposta. Uma lenda viva. Rita possuía um corpo escultural, musculoso, sardento, queimado de sol e com muita cicatrizes rosa-pálido. Cicatrizes de guerra. O que em outras pessoas podia ser feio, nela; só a fazia ficar mais linda. Porque era uma sobrevivente. Porque era uma guerreira. Porque no final da noite, escolheria um homem ou mulher; dentre todos os que se reuniam ao seu redor; e faria amor com esta pessoa, até ela gritar de prazer e ficar com as pernas bambas. Celebrariam a vida.
Das profundezas da biblioteca, vieram mais dois cadáveres ambulantes. Drew, catou uma caixa de papelão de geladeira que estava pelo chão e, abrindo-a com a velocidade felina, vestiu um dos cadáveres enquanto Kraven distraía o monstro. No papelão, jogou flúido de isqueiro. Kraven, lançou um fósforo aceso. A criatura, foi consumida pelo fogo, ali mesmo no local. Ninguém sorriu.
Sully, retirou do veículo uma zarabatana, nela introduziu um cilindro cheio de gás. Mirou com paciência na cabeça da outra criatura. Soprou. O cilindro acertou o zumbí no meio da testa. Os gases, expandiram-se e a cabeça da coisa explodiu em mil pedaços.
Rita movia-se com graça e desenvoltura. Estava nua da cintura para cima. Desafivelava sua mini-saia. Homens e mulheres gritavam seu nome fazendo-lhe juras de amor. Lá perto da fogueira distante, o último monstro da noite apareceu. Era um grande morto-vivo, em péssimas condições. Rita, que estava mais no alto; viu oportunidade de fazer uma aposta. Do alto do Humvee, só de tanguinha agora, ela gritou pra multidão:
– Quem duvida que eu consiga acertar uma banana de dinamite, na boca daquele bastardo lá perto da fogueira vazia?
Apostas começaram a ser feitas.
Estenderam a banana de dinamite e um cigarro para Rita. Ela, mediu o comprimento do pavio calculou a distância e aguardou. A criatura, parecia gemer mas o som do carro; abafava tudo. De repente, Rita acendeu o pavio de fez seu lance. A dinamite descreveu um longo arco giratório no ar, e no momento em que a criatura abriu a bocarra cheia de dentes podres; a banana encaixou-se em sua boca.
A explosão veio na seqüência. Não sobrou nada da criatura.
Rita removeu a tanguinha e afastou as pernas rebolando o quadril.
A galera chamava seu nome.
Sorrindo como uma Deusa, Rita mandou:
– Galera, vocês tão me devendo um monte de favores agora. Êta noite boa!
Fim.
Ace of Base, remixado por um Dj insano e fã de Hard Rock; regado a tequilas infinitas. Soldados, homens e mulheres, de várias partes do mundo.
Gabe, Sully, Kraven, Rita e Drew missionários em um mundo pagão; bailavam sob a chuva púrpura e luzes estroboscópicas.
Sargento Gabe, ajoelhou-se no chão. Sacudia. Tenente Rita, ruiva e depilada aproximou-se requebrando, chacolhando a mini-saia. Rebolava lentamente dentro de sua micro calcinha. Enfermeira Sully, morena clara de cabelos negros curtos com uma roupa transparente colada ao corpo, prendia o recruta Drew como se fosse um sanduíche com a ajuda loira da deliciosa cabo Kraven, que parecia usar somente biquíni e botas de cano alto. Foi aí que ele entrou. A coisa.
No meio daquele festim, não ouviram nem viram o que acontecia ao redor. Happy Pig, não estava muito cheia. Nunca enchia. O que não impedia, das luzes da boate serem de primeira qualidade. Um antigo reservatório subterrâneo de águas, convertido em centro recreativo; pelos primeiros missionários no início da guerra.
A criatura entrou neste subsolo, ofuscada pelas luzes intensas. Muito confusa, não conseguia agarrar ninguém para morder. Num segundo, as pessoas estavam num lugar e no mesmo instante já estavam em outro. Efeito estrobo. Foi quando a coisa encheu o saco e, subiu no balcão urrando de frustração. Estava podre e toda coberta de pus. Um líquido amarelo, escorria pelos de seus múltiplos ferimentos. Sob a luz negra, a coisa o zumbi; adquire uma aparência impressionante, fenomenal. Seu sangue escuro, brilhava refulgente como se fosse néon liquido. Seus ferimentos, repletos de bactérias, assumiam cores inusitadas. Verdes, amarelas, laranjas, roxas. A criatura, urrou novamente, estendeu os braços pra galera e agoniada, começou a sacudir-se como um cachorro molhado; espirrando luzes coloridas em todos que estavam ao seu redor na Happy Pig.
O cozinheiro da boate, furtivo apareceu por trás do balcão, subindo num banquinho cravou seu cutelo no crânio do morto-vivo e sumiu com ele. Rita baixou a sainha, olhou para os amigos e disse:
– Pô gente, agora perdeu a graça; estamos todos sujos de muco e sangue de zumbí! Nem posso dar uns amassos no Gabe, se não ficaremos infectados. Vamos todos embora tomar um banho. Procuremos outro lugar para relaxar. Como Rita era o oficial mais graduado; todos acataram suas ordens apesar de caindo de bêbados.
Após o banho, retornaram ao Humvee e partiram. Kraven, deu um gole na tequila e perguntou a Sully:
– Hey sister; trouxe algum narcótico pra gente? Estou pra lá de Bagdad. Ajude-me.
Enfermeira Sully, olhou com uma carinha levada para eles. Sustinham a respiração.
– Calma meus pacientes, que eu trouxe todas as drogas regulamentadas pelo exército.
Anfetaminas de terceira geração pro Gabe, antidepressivos de quarta geração pra Rita e pra mim, Beta-morphi sintética de curto prazo pro Drew e pra você Kraven minha linda; um monte de pílula azul.
Rita, medicou seus pacientes e a si mesma. Continuaram.
O Humvee, subiu com facilidade as amplas escadarias da biblioteca da cidade. A fachada, tinha sido explodida e seus destroços removidos. Estava abandonada desde o começo do conflito. Agora, era apenas mais um centro de recreação física e química. No enorme saguão central, havia muitos combatentes divertindo-se ao redor de uma fogueira, que estava dentro de um largo barril metálico. Alimentavam-na à base de livros. Todos achavam isto coerente, visto que toda a cultura ocidental foi insuficiente para evitar o apocalipse.
Foram para um canto da enorme biblioteca, retiraram do Humvee a caixa refrigeradora com as bebidas. O som dos outros jipes Humvee era alto; mas o deles também o era. Ligaram o som.
Unforgiven começou a rolar trombeteando pelo espaço. Um arremedo de morto-vivo sem pernas, começou a arrastar-se na direção do grupo. Gabe, casualmente aproximou-se de uma estante ciclópica, dela retirou o que parecia ser um farto dicionário. Aproximou-se com cautela pelas costas do zumbi e, segurando o livro com a duas mãos; começou a dar pancadas na base do pescoço podre da coisa com o pesado volume. Após umas dez porradas fortes, a cabeça soltou-se do corpo e o zumbi aniquilado, parou de se mover. Kraven linda, beijava Drew com intensidade. Na guerra havia perdido o filho de dezesseis anos e, não sabia se fazia amor com o jovem recruta Drew por tesão, ou para redimir-se. Nunca mais permitiria, que um jovem fosse comido ou transformado por uma daquelas coisas. Drew, ficaria na sua cola até tudo isto acabar. Rita agora sem depressão, tomou uma golada de tequila e disse:
– Qual de vocês será o primeiro a fazer strip hoje? Quem perdeu a aposta na semana passada?
Todos gritaram em uníssono:
– Quem perdeu a aposta foi você, tenente Rita – e riram ingenuamente.
– Pô, ainda bem que me depilei hoje. Preparem-se meninos. – E subiu no alto do Humvee.
Comfortably Numb, começou a ser executado no som do Humvee.
As outras equipes, foram aproximando-se devagar mas, com interesse. Não era todo dia que a grande tenente Rita perdia uma aposta. Uma lenda viva. Rita possuía um corpo escultural, musculoso, sardento, queimado de sol e com muita cicatrizes rosa-pálido. Cicatrizes de guerra. O que em outras pessoas podia ser feio, nela; só a fazia ficar mais linda. Porque era uma sobrevivente. Porque era uma guerreira. Porque no final da noite, escolheria um homem ou mulher; dentre todos os que se reuniam ao seu redor; e faria amor com esta pessoa, até ela gritar de prazer e ficar com as pernas bambas. Celebrariam a vida.
Das profundezas da biblioteca, vieram mais dois cadáveres ambulantes. Drew, catou uma caixa de papelão de geladeira que estava pelo chão e, abrindo-a com a velocidade felina, vestiu um dos cadáveres enquanto Kraven distraía o monstro. No papelão, jogou flúido de isqueiro. Kraven, lançou um fósforo aceso. A criatura, foi consumida pelo fogo, ali mesmo no local. Ninguém sorriu.
Sully, retirou do veículo uma zarabatana, nela introduziu um cilindro cheio de gás. Mirou com paciência na cabeça da outra criatura. Soprou. O cilindro acertou o zumbí no meio da testa. Os gases, expandiram-se e a cabeça da coisa explodiu em mil pedaços.
Rita movia-se com graça e desenvoltura. Estava nua da cintura para cima. Desafivelava sua mini-saia. Homens e mulheres gritavam seu nome fazendo-lhe juras de amor. Lá perto da fogueira distante, o último monstro da noite apareceu. Era um grande morto-vivo, em péssimas condições. Rita, que estava mais no alto; viu oportunidade de fazer uma aposta. Do alto do Humvee, só de tanguinha agora, ela gritou pra multidão:
– Quem duvida que eu consiga acertar uma banana de dinamite, na boca daquele bastardo lá perto da fogueira vazia?
Apostas começaram a ser feitas.
Estenderam a banana de dinamite e um cigarro para Rita. Ela, mediu o comprimento do pavio calculou a distância e aguardou. A criatura, parecia gemer mas o som do carro; abafava tudo. De repente, Rita acendeu o pavio de fez seu lance. A dinamite descreveu um longo arco giratório no ar, e no momento em que a criatura abriu a bocarra cheia de dentes podres; a banana encaixou-se em sua boca.
A explosão veio na seqüência. Não sobrou nada da criatura.
Rita removeu a tanguinha e afastou as pernas rebolando o quadril.
A galera chamava seu nome.
Sorrindo como uma Deusa, Rita mandou:
– Galera, vocês tão me devendo um monte de favores agora. Êta noite boa!
Fim.
Viajando com Papai
Tudo começou quando o papai entrou de férias. O meu coroa
era louco por viajar. Quando me lembro dele, o que é constante, sempre
um sorriso triste cruza meu rosto.
Era louco por viagens meu papi, mas, odiava chegar. Sempre reclamava, ou bebia demais. Era um ótimo pai, veja bem; não quero denegrir a imagem dele. Ele odiava quando a viagem acabava. Isto é, deixem-me explicar melhor. O que ele gostava, era da trajetória. Gostava do percurso. Parava em botecos, restaurantes em beira de estrada, comia, bebia, conversava com os moradores locais; levando-nos junto com ele em suas aventuras. Buscava sempre o impossível, o inusitado. Adorava lugares belos e desconhecidos. Grande cara, o meu pai. Até o dia, em que não foi mais. Meu irmão mais velho e sua namorada, também já não são mais nada. Minha prima idem. O namoradinho dela também se foi. Hoje, é só eu e a mamãe. Mas, nós dois juntos sem eles; já não somos grande coisa também.
Estávamos próximos aos desertos. Estávamos entre o deserto e a chapada. Nosso destino – a rota planejada por Francis meu pai - nos levou a cruzar aquela região perdida no tempo. Praias Maranhenses nos esperavam. Estávamos em felizes e confortáveis na célula de sobrevivência da sua cabine dupla super equipada. Ar-condicionado a mil. Francis o big daddy, dirigia. Eu e mamãe Beth, íamos juntinhos com ele no banco da frente. Meu mano Percival e sua mina Karina, iam embolados num amasso bruto no banco de trás. Mariana, minha prima e seu príncipe japinha, que se chamava Elvis, iam bem comportados de mãozinhas dadas ao lado de Persival o devasso e sua mina piriguete Karina.
Chegados a uma vila sossegada. Nossa caminhonete espalhava areia e levantava enormes nuvens vermelhas pelo céu. Francis mandou Persival checar óleo e água do nosso veículo. Conduziu o resto de nós a um boteco/pousada, sombreado por altos buritis muito lindos. Lá, ele ficou entre uma água de coco e outra; sabendo da existência da Cachoeira das Seis Mortes. Uma linda queda d água, de vinte metros com água morna e pura que, em suas margens possuía piscinas de areia que brotavam água cristalina. O dono da estalagem pediu, que quando voltássemos se viéssemos pelo mesmo caminho; que déssemos uma parada por ali que ele pessoalmente nos levaria a cachoeira. Mas não podia ser hoje, pois aquele dia em especial; era um dia sagrado e coisa e tal... Yara não gosta. Blah, blah, blah. Os olhos do papai brilharam. Beth olhou para mim, Mariana, Elvis, revirou os olhos e disse:
- Ah, meu Deus. Pronto!
Nem que perdêssemos a tarde toda, Francis iria achar esta cachoeira. A Cachoeira das Seis Mortes. O pior dia de toda a minha vida.
Malditamente, pai Francis, percorrendo uma estradinha rural; deu em uma curva com um índio. Este índio parecia um louco. Vestia-se com lixo parecia. Caneleiras e braçadeiras de garrafas pet. Um disco de vinil, colado em um manto de penas escuras em suas costas. Um cigarro fedorento de macumba entre os dedos amarelados, que fumava sem parar. Elvis ao ver o índio apertou forte sua Katana cabo de bambu.
Francis desceu do carro, e foi levar uma palavra com o camarada alienígena nativo do brasil.
Descobriu-se que ele se auto-intitulava feiticeiro e curandeiro de uma tribo perdida de índios judeus. Estava disposto a nos ajudar desde, que lhe déssemos uma carona e módicos cinqüenta reais.
Para mim, naquela hora, não passava de um doido. Depois, fomos infelizmente descobrir que era bem pior. Como o índio cheirava Índio e nos disse, que não suportava o nosso cheiro, ele foi na carroceria; guiando-nos na base do grito.
A chegada foi deslumbrante. Nunca em minha vida, tinha visto lugar mais lindo.
Perci e Karina arrancaram as roupas como dois selvagens e, sumiram numa curva de riacho gargalhando como tarados enlouquecidos. Sacanas.
Francis pergunta a Beth:
- É claro que você comprou anticoncepcional para a Karina né mãe?
- Pílula? Tá doido? Eu a levei na farmácia e enchi-a de Perlutan. Uma vezinha na vida não faz mal.
O índio ajoelhou-se e de joelhos foi entrando na água pura recitando um mantra incompreensível. Argfagaf Yareaaa. Mah gnag Yareeeea.
Francis tirou a camisa, expondo seu barrigão de glutão e fez festinha nos meus cabelos dizendo:
- Coitado. Pirou de vez. Bóra meninas e meninos, todo mundo nadando.
Foi quando ouvimos gritos. Eles vinham depois da curva do riacho.
A mãe berrou:
- Percival? Tá aprontando seu moleque?
Mas não parecia. Fomos todos correndo. Elvis foi na frente com sua Katana.
Encontramos Perci(kill–1), meu irmão estava imóvel, de olhos esbugalhados com um machado de cortar lenha cravado na cabeça. Karina (Kill-2)estava amarrada a uma bananeira. Parecia ter morrido sufocada. Haviam introduzido bananas verdes em todos os seus orifícios. Sua garganta estava intumescida de banana e seu estômago pontudo e cheio. Pelo canto dos olhos, vimos à barbatana multicolorida do que parecia um grande peixe mergulhando nas águas do riacho. Ouvimos o índio uivando ao pé da cachoeira. Meu pai Francis gritou:
- Pelo amor de Deus o que fiz ao trazer vocês aqui? Meu filhooooo... Perciiiiii! Corram para o carro. Perece que agora estão matando o índio, e sacou seu 38 que sempre levava em suas aventuras.
- Elvis você com este troço aí, vai na frente que eu te cubro. Todo mundo atrás de mim e todo mundo correndo junto, menos o Elvis que vai à frente. Corremos. Elvis avistou o índio primeiro. Estava na beira da caminhonete. Elvis desembainhou a Katana e atacou. O índio sacou o disco de vinil das costas e atirou na direção dele. Elvis abaixou-se e o disco de extremidades afiadas pegou pai Francis (Kill-3)em cheio na garganta. Reunimos-nos ao redor do pai e ficamos todos encharcados do sangue que jorrava dele aos borbotões. Enquanto isto, Elvis atacava o feiticeiro com um golpe ligeiro de Katana. O índio (Kill-4)riu, achando que não havia sido ferido. Deu um passo tentando agarrar Elvis quando sua face, externo e ventre abriram-se espalhando suas tripas traiçoeiras pela areia do riacho. Elvis, voltou pra nós tremendo, abraçou Mariana sua mina e minha prima.
Neste momento, minha mãe em pânico agarrou-me e comigo em seus braços, nós todos vimos a horrível criatura-sereia. Corpo de mulher cauda de peixe multi-colorida que, arrastava-se veloz para fora dágua. A criatura carregava um espelho e uma adaga medieval portuguesa. Ficamos como que encantados. Estávamos imobilizados. A coisa fez refletir a imagem de Mariana em seu espelho e mariana se foi. Enfeitiçada aceitou a adaga que a criatura lhe estendia com ela cortou a garganta de Elvis(Kill-5). Depois apunhalou o próprio peito(Kill-6).
Yara, a sereia rainha das águas, a criatura. Aproximou-se de mim e de minha mãe e disse:
- Bem vindos a Cachoeira das Seis Mortes! A cada ano eu levo um. De seis em seis anos, eu levo seis.
Era louco por viagens meu papi, mas, odiava chegar. Sempre reclamava, ou bebia demais. Era um ótimo pai, veja bem; não quero denegrir a imagem dele. Ele odiava quando a viagem acabava. Isto é, deixem-me explicar melhor. O que ele gostava, era da trajetória. Gostava do percurso. Parava em botecos, restaurantes em beira de estrada, comia, bebia, conversava com os moradores locais; levando-nos junto com ele em suas aventuras. Buscava sempre o impossível, o inusitado. Adorava lugares belos e desconhecidos. Grande cara, o meu pai. Até o dia, em que não foi mais. Meu irmão mais velho e sua namorada, também já não são mais nada. Minha prima idem. O namoradinho dela também se foi. Hoje, é só eu e a mamãe. Mas, nós dois juntos sem eles; já não somos grande coisa também.
Estávamos próximos aos desertos. Estávamos entre o deserto e a chapada. Nosso destino – a rota planejada por Francis meu pai - nos levou a cruzar aquela região perdida no tempo. Praias Maranhenses nos esperavam. Estávamos em felizes e confortáveis na célula de sobrevivência da sua cabine dupla super equipada. Ar-condicionado a mil. Francis o big daddy, dirigia. Eu e mamãe Beth, íamos juntinhos com ele no banco da frente. Meu mano Percival e sua mina Karina, iam embolados num amasso bruto no banco de trás. Mariana, minha prima e seu príncipe japinha, que se chamava Elvis, iam bem comportados de mãozinhas dadas ao lado de Persival o devasso e sua mina piriguete Karina.
Chegados a uma vila sossegada. Nossa caminhonete espalhava areia e levantava enormes nuvens vermelhas pelo céu. Francis mandou Persival checar óleo e água do nosso veículo. Conduziu o resto de nós a um boteco/pousada, sombreado por altos buritis muito lindos. Lá, ele ficou entre uma água de coco e outra; sabendo da existência da Cachoeira das Seis Mortes. Uma linda queda d água, de vinte metros com água morna e pura que, em suas margens possuía piscinas de areia que brotavam água cristalina. O dono da estalagem pediu, que quando voltássemos se viéssemos pelo mesmo caminho; que déssemos uma parada por ali que ele pessoalmente nos levaria a cachoeira. Mas não podia ser hoje, pois aquele dia em especial; era um dia sagrado e coisa e tal... Yara não gosta. Blah, blah, blah. Os olhos do papai brilharam. Beth olhou para mim, Mariana, Elvis, revirou os olhos e disse:
- Ah, meu Deus. Pronto!
Nem que perdêssemos a tarde toda, Francis iria achar esta cachoeira. A Cachoeira das Seis Mortes. O pior dia de toda a minha vida.
Malditamente, pai Francis, percorrendo uma estradinha rural; deu em uma curva com um índio. Este índio parecia um louco. Vestia-se com lixo parecia. Caneleiras e braçadeiras de garrafas pet. Um disco de vinil, colado em um manto de penas escuras em suas costas. Um cigarro fedorento de macumba entre os dedos amarelados, que fumava sem parar. Elvis ao ver o índio apertou forte sua Katana cabo de bambu.
Francis desceu do carro, e foi levar uma palavra com o camarada alienígena nativo do brasil.
Descobriu-se que ele se auto-intitulava feiticeiro e curandeiro de uma tribo perdida de índios judeus. Estava disposto a nos ajudar desde, que lhe déssemos uma carona e módicos cinqüenta reais.
Para mim, naquela hora, não passava de um doido. Depois, fomos infelizmente descobrir que era bem pior. Como o índio cheirava Índio e nos disse, que não suportava o nosso cheiro, ele foi na carroceria; guiando-nos na base do grito.
A chegada foi deslumbrante. Nunca em minha vida, tinha visto lugar mais lindo.
Perci e Karina arrancaram as roupas como dois selvagens e, sumiram numa curva de riacho gargalhando como tarados enlouquecidos. Sacanas.
Francis pergunta a Beth:
- É claro que você comprou anticoncepcional para a Karina né mãe?
- Pílula? Tá doido? Eu a levei na farmácia e enchi-a de Perlutan. Uma vezinha na vida não faz mal.
O índio ajoelhou-se e de joelhos foi entrando na água pura recitando um mantra incompreensível. Argfagaf Yareaaa. Mah gnag Yareeeea.
Francis tirou a camisa, expondo seu barrigão de glutão e fez festinha nos meus cabelos dizendo:
- Coitado. Pirou de vez. Bóra meninas e meninos, todo mundo nadando.
Foi quando ouvimos gritos. Eles vinham depois da curva do riacho.
A mãe berrou:
- Percival? Tá aprontando seu moleque?
Mas não parecia. Fomos todos correndo. Elvis foi na frente com sua Katana.
Encontramos Perci(kill–1), meu irmão estava imóvel, de olhos esbugalhados com um machado de cortar lenha cravado na cabeça. Karina (Kill-2)estava amarrada a uma bananeira. Parecia ter morrido sufocada. Haviam introduzido bananas verdes em todos os seus orifícios. Sua garganta estava intumescida de banana e seu estômago pontudo e cheio. Pelo canto dos olhos, vimos à barbatana multicolorida do que parecia um grande peixe mergulhando nas águas do riacho. Ouvimos o índio uivando ao pé da cachoeira. Meu pai Francis gritou:
- Pelo amor de Deus o que fiz ao trazer vocês aqui? Meu filhooooo... Perciiiiii! Corram para o carro. Perece que agora estão matando o índio, e sacou seu 38 que sempre levava em suas aventuras.
- Elvis você com este troço aí, vai na frente que eu te cubro. Todo mundo atrás de mim e todo mundo correndo junto, menos o Elvis que vai à frente. Corremos. Elvis avistou o índio primeiro. Estava na beira da caminhonete. Elvis desembainhou a Katana e atacou. O índio sacou o disco de vinil das costas e atirou na direção dele. Elvis abaixou-se e o disco de extremidades afiadas pegou pai Francis (Kill-3)em cheio na garganta. Reunimos-nos ao redor do pai e ficamos todos encharcados do sangue que jorrava dele aos borbotões. Enquanto isto, Elvis atacava o feiticeiro com um golpe ligeiro de Katana. O índio (Kill-4)riu, achando que não havia sido ferido. Deu um passo tentando agarrar Elvis quando sua face, externo e ventre abriram-se espalhando suas tripas traiçoeiras pela areia do riacho. Elvis, voltou pra nós tremendo, abraçou Mariana sua mina e minha prima.
Neste momento, minha mãe em pânico agarrou-me e comigo em seus braços, nós todos vimos a horrível criatura-sereia. Corpo de mulher cauda de peixe multi-colorida que, arrastava-se veloz para fora dágua. A criatura carregava um espelho e uma adaga medieval portuguesa. Ficamos como que encantados. Estávamos imobilizados. A coisa fez refletir a imagem de Mariana em seu espelho e mariana se foi. Enfeitiçada aceitou a adaga que a criatura lhe estendia com ela cortou a garganta de Elvis(Kill-5). Depois apunhalou o próprio peito(Kill-6).
Yara, a sereia rainha das águas, a criatura. Aproximou-se de mim e de minha mãe e disse:
- Bem vindos a Cachoeira das Seis Mortes! A cada ano eu levo um. De seis em seis anos, eu levo seis.
Assinar:
Postagens (Atom)