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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Happy Pig - A Boate do Fim do Mundo

Estavam pra lá de felizes e embriagados, Rita e seus amigos. Tratavam de considerar todo dia, como se fosse o último dia. Era uma missão de paz num país estrangeiro, que não plantava nada, que não fosse mina terrestre. Que produzia, apenas armas químicas e doenças advindas da miséria. Por isto, a boate Happy Pig era divina.
Ace of Base, remixado por um Dj insano e fã de Hard Rock; regado a tequilas infinitas. Soldados, homens e mulheres, de várias partes do mundo.
Gabe, Sully, Kraven, Rita e Drew missionários em um mundo pagão; bailavam sob a chuva púrpura e luzes estroboscópicas.
Sargento Gabe, ajoelhou-se no chão. Sacudia. Tenente Rita, ruiva e depilada aproximou-se requebrando, chacolhando a mini-saia. Rebolava lentamente dentro de sua micro calcinha. Enfermeira Sully, morena clara de cabelos negros curtos com uma roupa transparente colada ao corpo, prendia o recruta Drew como se fosse um sanduíche com a ajuda loira da deliciosa cabo Kraven, que parecia usar somente biquíni e botas de cano alto. Foi aí que ele entrou. A coisa.
No meio daquele festim, não ouviram nem viram o que acontecia ao redor. Happy Pig, não estava muito cheia. Nunca enchia. O que não impedia, das luzes da boate serem de primeira qualidade. Um antigo reservatório subterrâneo de águas, convertido em centro recreativo; pelos primeiros missionários no início da guerra.
A criatura entrou neste subsolo, ofuscada pelas luzes intensas. Muito confusa, não conseguia agarrar ninguém para morder. Num segundo, as pessoas estavam num lugar e no mesmo instante já estavam em outro. Efeito estrobo. Foi quando a coisa encheu o saco e, subiu no balcão urrando de frustração. Estava podre e toda coberta de pus. Um líquido amarelo, escorria pelos de seus múltiplos ferimentos. Sob a luz negra, a coisa o zumbi; adquire uma aparência impressionante, fenomenal. Seu sangue escuro, brilhava refulgente como se fosse néon liquido. Seus ferimentos, repletos de bactérias, assumiam cores inusitadas. Verdes, amarelas, laranjas, roxas. A criatura, urrou novamente, estendeu os braços pra galera e agoniada, começou a sacudir-se como um cachorro molhado; espirrando luzes coloridas em todos que estavam ao seu redor na Happy Pig.
O cozinheiro da boate, furtivo apareceu por trás do balcão, subindo num banquinho cravou seu cutelo no crânio do morto-vivo e sumiu com ele. Rita baixou a sainha, olhou para os amigos e disse:
– Pô gente, agora perdeu a graça; estamos todos sujos de muco e sangue de zumbí! Nem posso dar uns amassos no Gabe, se não ficaremos infectados. Vamos todos embora tomar um banho. Procuremos outro lugar para relaxar. Como Rita era o oficial mais graduado; todos acataram suas ordens apesar de caindo de bêbados.
Após o banho, retornaram ao Humvee e partiram. Kraven, deu um gole na tequila e perguntou a Sully:
– Hey sister; trouxe algum narcótico pra gente? Estou pra lá de Bagdad. Ajude-me.
Enfermeira Sully, olhou com uma carinha levada para eles. Sustinham a respiração.
– Calma meus pacientes, que eu trouxe todas as drogas regulamentadas pelo exército.
Anfetaminas de terceira geração pro Gabe, antidepressivos de quarta geração pra Rita e pra mim, Beta-morphi sintética de curto prazo pro Drew e pra você Kraven minha linda; um monte de pílula azul.
Rita, medicou seus pacientes e a si mesma. Continuaram.
O Humvee, subiu com facilidade as amplas escadarias da biblioteca da cidade. A fachada, tinha sido explodida e seus destroços removidos. Estava abandonada desde o começo do conflito. Agora, era apenas mais um centro de recreação física e química. No enorme saguão central, havia muitos combatentes divertindo-se ao redor de uma fogueira, que estava dentro de um largo barril metálico. Alimentavam-na à base de livros. Todos achavam isto coerente, visto que toda a cultura ocidental foi insuficiente para evitar o apocalipse.
Foram para um canto da enorme biblioteca, retiraram do Humvee a caixa refrigeradora com as bebidas. O som dos outros jipes Humvee era alto; mas o deles também o era. Ligaram o som.
Unforgiven começou a rolar trombeteando pelo espaço. Um arremedo de morto-vivo sem pernas, começou a arrastar-se na direção do grupo. Gabe, casualmente aproximou-se de uma estante ciclópica, dela retirou o que parecia ser um farto dicionário. Aproximou-se com cautela pelas costas do zumbi e, segurando o livro com a duas mãos; começou a dar pancadas na base do pescoço podre da coisa com o pesado volume. Após umas dez porradas fortes, a cabeça soltou-se do corpo e o zumbi aniquilado, parou de se mover. Kraven linda, beijava Drew com intensidade. Na guerra havia perdido o filho de dezesseis anos e, não sabia se fazia amor com o jovem recruta Drew por tesão, ou para redimir-se. Nunca mais permitiria, que um jovem fosse comido ou transformado por uma daquelas coisas. Drew, ficaria na sua cola até tudo isto acabar. Rita agora sem depressão, tomou uma golada de tequila e disse:
– Qual de vocês será o primeiro a fazer strip hoje? Quem perdeu a aposta na semana passada?
Todos gritaram em uníssono:
– Quem perdeu a aposta foi você, tenente Rita – e riram ingenuamente.
– Pô, ainda bem que me depilei hoje. Preparem-se meninos. – E subiu no alto do Humvee.
Comfortably Numb, começou a ser executado no som do Humvee.
As outras equipes, foram aproximando-se devagar mas, com interesse. Não era todo dia que a grande tenente Rita perdia uma aposta. Uma lenda viva. Rita possuía um corpo escultural, musculoso, sardento, queimado de sol e com muita cicatrizes rosa-pálido. Cicatrizes de guerra. O que em outras pessoas podia ser feio, nela; só a fazia ficar mais linda. Porque era uma sobrevivente. Porque era uma guerreira. Porque no final da noite, escolheria um homem ou mulher; dentre todos os que se reuniam ao seu redor; e faria amor com esta pessoa, até ela gritar de prazer e ficar com as pernas bambas. Celebrariam a vida.
Das profundezas da biblioteca, vieram mais dois cadáveres ambulantes. Drew, catou uma caixa de papelão de geladeira que estava pelo chão e, abrindo-a com a velocidade felina, vestiu um dos cadáveres enquanto Kraven distraía o monstro. No papelão, jogou flúido de isqueiro. Kraven, lançou um fósforo aceso. A criatura, foi consumida pelo fogo, ali mesmo no local. Ninguém sorriu.
Sully, retirou do veículo uma zarabatana, nela introduziu um cilindro cheio de gás. Mirou com paciência na cabeça da outra criatura. Soprou. O cilindro acertou o zumbí no meio da testa. Os gases, expandiram-se e a cabeça da coisa explodiu em mil pedaços.
Rita movia-se com graça e desenvoltura. Estava nua da cintura para cima. Desafivelava sua mini-saia. Homens e mulheres gritavam seu nome fazendo-lhe juras de amor. Lá perto da fogueira distante, o último monstro da noite apareceu. Era um grande morto-vivo, em péssimas condições. Rita, que estava mais no alto; viu oportunidade de fazer uma aposta. Do alto do Humvee, só de tanguinha agora, ela gritou pra multidão:
– Quem duvida que eu consiga acertar uma banana de dinamite, na boca daquele bastardo lá perto da fogueira vazia?
Apostas começaram a ser feitas.
Estenderam a banana de dinamite e um cigarro para Rita. Ela, mediu o comprimento do pavio calculou a distância e aguardou. A criatura, parecia gemer mas o som do carro; abafava tudo. De repente, Rita acendeu o pavio de fez seu lance. A dinamite descreveu um longo arco giratório no ar, e no momento em que a criatura abriu a bocarra cheia de dentes podres; a banana encaixou-se em sua boca.
A explosão veio na seqüência. Não sobrou nada da criatura.
Rita removeu a tanguinha e afastou as pernas rebolando o quadril.
A galera chamava seu nome.
Sorrindo como uma Deusa, Rita mandou:
– Galera, vocês tão me devendo um monte de favores agora. Êta noite boa!
Fim.

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