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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Viajando com Papai

Tudo começou quando o papai entrou de férias. O meu coroa era louco por viajar. Quando me lembro dele, o que é constante, sempre um sorriso triste cruza meu rosto.
Era louco por viagens meu papi, mas, odiava chegar. Sempre reclamava, ou bebia demais. Era um ótimo pai, veja bem; não quero denegrir a imagem dele. Ele odiava quando a viagem acabava. Isto é, deixem-me explicar melhor. O que ele gostava, era da trajetória. Gostava do percurso. Parava em botecos, restaurantes em beira de estrada, comia, bebia, conversava com os moradores locais; levando-nos junto com ele em suas aventuras. Buscava sempre o impossível, o inusitado. Adorava lugares belos e desconhecidos. Grande cara, o meu pai. Até o dia, em que não foi mais. Meu irmão mais velho e sua namorada, também já não são mais nada. Minha prima idem. O namoradinho dela também se foi. Hoje, é só eu e a mamãe. Mas, nós dois juntos sem eles; já não somos grande coisa também.

Estávamos próximos aos desertos. Estávamos entre o deserto e a chapada. Nosso destino – a rota planejada por Francis meu pai - nos levou a cruzar aquela região perdida no tempo. Praias Maranhenses nos esperavam. Estávamos em felizes e confortáveis na célula de sobrevivência da sua cabine dupla super equipada. Ar-condicionado a mil. Francis o big daddy, dirigia. Eu e mamãe Beth, íamos juntinhos com ele no banco da frente. Meu mano Percival e sua mina Karina, iam embolados num amasso bruto no banco de trás. Mariana, minha prima e seu príncipe japinha, que se chamava Elvis, iam bem comportados de mãozinhas dadas ao lado de Persival o devasso e sua mina piriguete Karina.

Chegados a uma vila sossegada. Nossa caminhonete espalhava areia e levantava enormes nuvens vermelhas pelo céu. Francis mandou Persival checar óleo e água do nosso veículo. Conduziu o resto de nós a um boteco/pousada, sombreado por altos buritis muito lindos. Lá, ele ficou entre uma água de coco e outra; sabendo da existência da Cachoeira das Seis Mortes. Uma linda queda d água, de vinte metros com água morna e pura que, em suas margens possuía piscinas de areia que brotavam água cristalina. O dono da estalagem pediu, que quando voltássemos se viéssemos pelo mesmo caminho; que déssemos uma parada por ali que ele pessoalmente nos levaria a cachoeira. Mas não podia ser hoje, pois aquele dia em especial; era um dia sagrado e coisa e tal... Yara não gosta. Blah, blah, blah. Os olhos do papai brilharam. Beth olhou para mim, Mariana, Elvis, revirou os olhos e disse:
- Ah, meu Deus. Pronto!
Nem que perdêssemos a tarde toda, Francis iria achar esta cachoeira. A Cachoeira das Seis Mortes. O pior dia de toda a minha vida.

Malditamente, pai Francis, percorrendo uma estradinha rural; deu em uma curva com um índio. Este índio parecia um louco. Vestia-se com lixo parecia. Caneleiras e braçadeiras de garrafas pet. Um disco de vinil, colado em um manto de penas escuras em suas costas. Um cigarro fedorento de macumba entre os dedos amarelados, que fumava sem parar. Elvis ao ver o índio apertou forte sua Katana cabo de bambu.
Francis desceu do carro, e foi levar uma palavra com o camarada alienígena nativo do brasil.
Descobriu-se que ele se auto-intitulava feiticeiro e curandeiro de uma tribo perdida de índios judeus. Estava disposto a nos ajudar desde, que lhe déssemos uma carona e módicos cinqüenta reais.
Para mim, naquela hora, não passava de um doido. Depois, fomos infelizmente descobrir que era bem pior. Como o índio cheirava Índio e nos disse, que não suportava o nosso cheiro, ele foi na carroceria; guiando-nos na base do grito.

A chegada foi deslumbrante. Nunca em minha vida, tinha visto lugar mais lindo.
Perci e Karina arrancaram as roupas como dois selvagens e, sumiram numa curva de riacho gargalhando como tarados enlouquecidos. Sacanas.

Francis pergunta a Beth:
- É claro que você comprou anticoncepcional para a Karina né mãe?
- Pílula? Tá doido? Eu a levei na farmácia e enchi-a de Perlutan. Uma vezinha na vida não faz mal.

O índio ajoelhou-se e de joelhos foi entrando na água pura recitando um mantra incompreensível. Argfagaf Yareaaa. Mah gnag Yareeeea.
Francis tirou a camisa, expondo seu barrigão de glutão e fez festinha nos meus cabelos dizendo:

- Coitado. Pirou de vez. Bóra meninas e meninos, todo mundo nadando.

Foi quando ouvimos gritos. Eles vinham depois da curva do riacho.
A mãe berrou:

- Percival? Tá aprontando seu moleque?

Mas não parecia. Fomos todos correndo. Elvis foi na frente com sua Katana.
Encontramos Perci(kill–1), meu irmão estava imóvel, de olhos esbugalhados com um machado de cortar lenha cravado na cabeça. Karina (Kill-2)estava amarrada a uma bananeira. Parecia ter morrido sufocada. Haviam introduzido bananas verdes em todos os seus orifícios. Sua garganta estava intumescida de banana e seu estômago pontudo e cheio. Pelo canto dos olhos, vimos à barbatana multicolorida do que parecia um grande peixe mergulhando nas águas do riacho. Ouvimos o índio uivando ao pé da cachoeira. Meu pai Francis gritou:
- Pelo amor de Deus o que fiz ao trazer vocês aqui? Meu filhooooo... Perciiiiii! Corram para o carro. Perece que agora estão matando o índio, e sacou seu 38 que sempre levava em suas aventuras.
- Elvis você com este troço aí, vai na frente que eu te cubro. Todo mundo atrás de mim e todo mundo correndo junto, menos o Elvis que vai à frente. Corremos. Elvis avistou o índio primeiro. Estava na beira da caminhonete. Elvis desembainhou a Katana e atacou. O índio sacou o disco de vinil das costas e atirou na direção dele. Elvis abaixou-se e o disco de extremidades afiadas pegou pai Francis (Kill-3)em cheio na garganta. Reunimos-nos ao redor do pai e ficamos todos encharcados do sangue que jorrava dele aos borbotões. Enquanto isto, Elvis atacava o feiticeiro com um golpe ligeiro de Katana. O índio (Kill-4)riu, achando que não havia sido ferido. Deu um passo tentando agarrar Elvis quando sua face, externo e ventre abriram-se espalhando suas tripas traiçoeiras pela areia do riacho. Elvis, voltou pra nós tremendo, abraçou Mariana sua mina e minha prima.

Neste momento, minha mãe em pânico agarrou-me e comigo em seus braços, nós todos vimos a horrível criatura-sereia. Corpo de mulher cauda de peixe multi-colorida que, arrastava-se veloz para fora dágua. A criatura carregava um espelho e uma adaga medieval portuguesa. Ficamos como que encantados. Estávamos imobilizados. A coisa fez refletir a imagem de Mariana em seu espelho e mariana se foi. Enfeitiçada aceitou a adaga que a criatura lhe estendia com ela cortou a garganta de Elvis(Kill-5). Depois apunhalou o próprio peito(Kill-6).
Yara, a sereia rainha das águas, a criatura. Aproximou-se de mim e de minha mãe e disse:
- Bem vindos a Cachoeira das Seis Mortes! A cada ano eu levo um. De seis em seis anos, eu levo seis.

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