Translate

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

INCENDIANDO JEDEDIAH



quarta-feira, outubro 16, 2013

Atenção:
Esta é uma obra de ficção fundamentada na violência sem qualquer compromisso com a realidade recomendada para maiores de 16 anos

Por: gu1le

Era uma vez, um lugar quase esquecido pela República que, só passava lá de ano em ano, sob a forma de coletor de impostos e do correio; que cruzava aquele trecho uma vez por mês. Um fim-do-mundo, como tantos outros. Oeste. E lá pela estrada poeirenta, castigada pelo tempo ao som agudo de um vento nervoso surge contra o poente cobalto, rosa, laranja anunciando inusitado frio; a pálida silhueta de um viajante cansado. Mais um, como se no mundo houvesse poucos. Um andarilho desalmado. Um canalha da pior qualidade. Ah mundo imbecil, que continua produzindo estes filhos de asnos! Antes já tivesse se explodido; assim nos poupava de mais este desgosto. Lá vem o Barth.

Bartholomew Ashtorn, mercenário mestiço, vinha de longe. Havia esfolado o corpo nos sertões daquela terra dura, buscando fortuna, divertimento e vingança. Era um sobrevivente desgarrado, coração de pedra, esperto, malvado e violento. Seguia por qualquer caminho passível de sobrevivência e redenção que aparecesse, ferrando com a vida de quem lhe soubesse menos no que concerne às qualidades aqui já supracitadas de sua persona. Agora adentrava  ele neste lugar que, assemelhava-se muito à centenas de outros povoamentos abertos nos incríveis campos naturais de esmeralda sem fim. Pasto para gado. Terra de vida selvagem, guerreiros loucos, embriagados e pitorescos. Em quase sua total maioria, vermes imbecis, ignorantes analfabetos e desvalidos. Vaqueiros. Índios. Governo. Pragmatismo. Febres. Misérias. Mazelas. Superstições baseadas em frases feitas e repetição; expostas ao sol de um fim-de-tarde qualquer.

Neste anoitecer de cidadezinha, gritos e gargalhadas oriundas de um saloon distante o receberam; cães vadios também, sendo que um – o mais feio – lhe mostrou os dentes. O cão sarnento, famélico, propriedade de vermes e pulgas, tinha aparência louca. Raivosa. Babento espumante. Gostava de cães, por isto, resolveu gastar uma bala com aquele sofredor. Sacou o pesado revólver opaco rapidamente. Grosso calibre. Atirou na cabeça, mas o velho cão; tinha alguma experiência em levar tiros. Reflexo de esquiva. Tentou correr. A bala endereçada à cabeça, atingiu os quartos traseiros, bem na coluna daquele filho de Deus vulgar que; explodiu em uma nuvem de pelos sarnentos pretos, brancos e castanhos, piolhos, carrapatos, ossos, tripa e sangue. O cão uivando, ainda tentou arrastar-se para longe de seu agressor, valendo-se das patas dianteiras magrinhas. Sobre o cavalo malhado, Barth não achou a cena nada cômica. O animal estava sofrendo. Havia um cinzento índio enforcado poucos metros à frente. Moscas varejeiras faziam festa em seus olhos vítreos esbugalhados. Vermelho negro. Barth sorriu. Quando o cão arrastava-se logo abaixo do morto, atirou uma segunda vez. A bala cortou a corda que enforcava o índio do pescoço comprido, e este, despencou atingindo e esmagando a cabeça do cão com o traseiro.

No estabelecimento ao lado do enforcado, uma porta se abriu e um velho polaco enrugado, banguela, cabelos grisalhos compridos e barba de três dias; vestindo empoeirado fraque preto amassado perguntou:

"Que acontece? Qual é o motivo da bagunça?"

Barth, apontou para o índio e o cão.

"Ah meu bom Deus, até que em fim alguém surge para auxiliar-me. Eu, um pobre velhote... Mas... Calma lá! Calma lá!!! Como em nome do todo poderoso, você conseguiu acertar este cachorro lazarento? Estou tentando matá-lo há anos. E este Xamã... Ah, meu bom senhor... Obrigado, por tirar este maldito peso morto da corda! Me poupou trabalho. Está vendo? O corpo já caiu bem ao lado da lona velha imunda, que será seu caixão. Agora, é só enrolar amarrar e jogar na fossa funda."

O ancião ficou um momento perplexo, parado observando os cadáveres. Esboçando um sorriso ladino, gentilmente grasniu, enquanto cuspia molemente um comprido fio de muco esverdeado vindo de seus pulmões tísicos:

"Parece que agora, ele vai chegar no inferno com um cachorro enfiado no rabo. Kkkkkk. Não espere uma moeda pelo serviço! Sei que estava a se divertir ouviu?" – Disse o velho agente funerário, dando um olhar avarento para Bart, que não respondeu nada. Apenas seguiu adiante sobre o cavalo num passo lento.

Mais à frente, sentiu intenso cheiro de fezes assim como urina animal que, empesteava o imóvel ar viciado naquele ocaso. Bartholomew soube que atrás da rua principal onde estava, havia provavelmente algum estábulo. Seu cavalo necessitava urgentemente de água, banho, ferraduras novas e alimento. Tomou caminho por entre edificações esquálidas. Acabou chegando a lateral de um barracão de madeira velho, escuro, pousada e hospital para animais que, era parte do estábulo de cavalos. Ouviu vindo lá de dentro desta estrutura; som de sexo violento. Estupro. Deixando o cavalo ao lado de um barril cheio de água, atado por longo cabresto a um palanque apodrecido de fungos, devassado pelas intempéries e já coberto pelas primeiras sombras da noite, procurou silencioso por janela aberta. Presumiu que as portas do barracão estavam cerradas, mas sabia que neste mundo, coisas corriqueiras deste tipo; quase sempre aconteciam escancaradamente.

Escalou rapidamente parede dos fundos, valendo-se de velhos barris empilhados e mãos fortes que secas, agarravam lambris, emendas e juntas alcançando estreita janela lá no alto; oito metros acima, indo parar em um mezanino rústico, onde escondia-se algum feno mofado veneno. De lá soube melhor o que acontecia, podendo ver bem, enxergando de posição privilegiada; a origem do som que açoitou sua curiosidade, invocando senso de oportunidade.

Uma moça jovem trêmula e atlética, com palha nos cabelos compridos castanho claro, de belas coxas brancas escuras de sangue que nascia por entre as pernas, estava em pé xingando dois cowboys grandes; avançados na idade que, de calças arriadas riam. Pareciam ter no meio das pernas cabeludas, mais um braço. Amarrado, a um esteio, outro homem, bem obeso, careca e calado observava tudo com o rosto congestionado, sendo o único a perceber o novo integrante daquela tragédia que também; o observava sombrio do andar de cima mezanino.

– Ah malditos! – disse a garota atlética – Filhos de prostitutas bexiguentas! Proxenetas! Vocês enfiaram estas raízes fedidas imundas em mim, desgraçados! Que o diabo os carregue ao mais insensível dos infernos! – neste momento a garota olha para o homem amarrado – E você aí nas cordas, Jedediah covarde maldito e sovina! Porque não lhes entregou as poucas moedas de prata que todos sabem que possui e estão escondidas aquí?! Podias ter me livrado! Afinal, eu era tua! Tua!

Amarrado Jedediah com o rosto afogueado, lavado de ranho e lágrimas cheio de remorso geme, enquanto os dois outros escroques erguem as calças e afivelam cintos. A garota, enfiando um trapo no meio das pernas e, vestindo calçola rendada; baixa o vestido aproximando-se de um pequeno forno de barro, usado para deixar ferro em brasa puxando de dentro dele, ferrão incandescente de marcar gado e grita para um Jedediah boquiaberto:

– De todos os homens no mundo, os que mais odeio acima de todos os outros; são os cobardes avarentos que colocam em risco a integridade física e moral não de si próprios, mas, de suas mulheres amantes, apenas para salvaguardar algum ouro idiota e vil!!! Se isto continuar acontecendo neste mundo estúpido; quem cuidará das lindas e fofas criancinhas? Quem? Ah Jedediah, vou baixar agora tuas calças e te farei cantar fantasticamente, até revelares onde escondes teu coração verdadeiro, amado meu.

Gordo Jedediah, não acreditou. Negou-se a acreditar que ela seria capaz. Jovem, bela e submissa sempre ela foi. Impossível de acontecer. Não cria. Nem quando ela desafivelou seu cinto ou, quando ela baixou suas calças, despindo-o de sua roupa de baixo levemente suada; revelando vasto arbusto grisalho coberto de banha com bolas pequeninas de medo onde só se via a cabeça do falo minúsculo encolhido. Suas dúvidas acentuaram-se quando, ela ao olhar para o ferro, suspirou de insatisfação ao ver que o mesmo, já não encontrava-se mais em brasa incandescente e, por isto, retornou-o ao forno de barro. Mas ela voltou. Voltou e encostou o ferro vermelho em sua cabecinha e passou-o por seu baixo ventre, incendiando completamente seus pentelhos compridos encaracolados – que fumaça esquisita – mas, ainda sim resistia. Só tornou-se um verdadeiro crente; quando ela cravou o ferrão em seus bagos e o empurrou chiando para cima em direção a próstata. Aí sim; ele acreditou de verdade mesmo. E cantou. Cantou fino e cantou grosso. E urinou-se e defecou em jorros nauseabundos por entre as pernas gorduchas. Desta forma, todos alí souberam minuciosamente, onde Jedediah escondeu o que lhe mais valia.

Havia um balde de latão. A mulher o encheu com carvões vivos, do fundo do forno com auxílio de uma pequena pá, enquanto os outros dois escroques observavam curiosamente. Um deles disse:

– Vivien, banho de fogo, não! Trouxe um saco cheio de cascavéis grandes para assustá-lo.
– Ah Sheldon querido, não ligue. Pense em Jedediah como se já estivesse morto. Afinal, fui eu que tive de agüentar este porcão em cima de mim todos estes meses. Sheldon, adoro quando você e o Clive me pegam de jeito; como fizeram hoje. Pena, que estava nos meus dias. Foi maravilhoso. Eu fui uma ótima atriz, não?
– Foi sim Vivien.
– Então, agora deixe divertir-me um pouco ok? Deixa estar. Deixa ser – Insana.

Então, Vivien mergulhou o balde cheio de brasas na cabeça de gordo Jedediah até os ombros e, com o ferrão, cometeu atrocidades naquele corpo que fariam um açougueiro chorar. Foi nesta hora tensa, que Clive três pernas, afastou-se para tirar água do joelho em um canto escuro abaixo do mezanino; escondido atrás de fardos quadrados de feno prensado oitenta quilos. Nem o próprio Clive, nem Vivien, nem Sheldon perceberam quando uma corda fina de couro capturou o mijão pelo pescoço que; esperneando no ar foi erguido, puxado rapidamente para o andar de cima e, concluído silenciosamente. Misericórdia. Com a demora, Sheldon procurou por Clive. Ao chegar na borda do mezanino, encontrou-se é com um fardo que desabou lá de cima entortando-lhe o pescoço na hora. Mas não morreu naquele instante. Provavelmente tetraplégico, estava ainda embaixo do feno prensado sofrendo espetaculares convulsões involuntárias quando, Bartholomew pulou lá do andar superior e, aterrissou com os dois pés sobre aquela situação; usando todo seu peso masculino. Era mais, do que as costelas do grande Sheldon três pernas podiam suportar. De Sheldon, Vivien ainda pode assustada escutar um longo ronco rouco e um estouro, seguido de aroma metano; enquanto o mestiço Ashtorn encarava-a nos olhos.

– Olá Vivien! – murmurou Barth – parece que você tem se divertido muito mas, não divide seus brinquedos com os amigos; e eu também quero brincar. Isto que você fez é muito feio garota. Menina má! Do cinto largo na cintura, ele puxou calmamente vinda de uma bainha enorme de couro, faca de caça artesanal com cabo de osso possuindo vinte centímetros de comprimento por cinco de largura. Afiada como navalha e brilhante como um espelho.

Vivien começou a gritar fugindo. Mas Barth aproximou-se ligeiro e, com um movimento circular extirpou num golpe só da garota atlética o seio direito que, atirou para o outro lado do galpão. Ela tentou ir atrás de sua parte perdida, mas ele lhe passou uma rasteira veloz e empurrando-a fez cair sentada sobre as brasas do forno. Espantada e sentindo-se ardente de repente, a jovem levantou-se desesperada do braseiro com as saias em chamas e foi recebida por Barth com um murro na boca do estômago que lhe tirou os pés do chão. Caiu de costas, rolou de barriga para baixo apagando o fogo. Tentou engatinhar vomitando. Barth novamente, avultou-se sobre ela passando rapidamente a faca ao redor de seu couro cabeludo. Depois agarrou-a pelos os cabelos e pisando firme um pé na base da cabeça dela; extraiu-lhe o escalpo com um puxão vigoroso. O choque da extração foi tão intenso, que Vivien fez a passagem; morrendo na hora. Bart, foi até perto dos portões do galpão que estavam fechados mesmo por dentro. Cavoucou um pouco por alí o chão de terra batida com a faca e, dele retirou um modesto saco de moedas prateadas que, escondeu em seu calção. Removeu o fardo de Sheldon e, colocou a arma que estava no cinturão do morto na mão do mesmo. Jogou Clive lá de cima, colocando na mão direita do mijão, a própria arma dele e na esquerda, o escalpo da moça. Uma faquinha enferrujada encontrada ao léu, foi mergulhada no cadáver de Vivien; montando um cenário engraçado, curiosamente mortal.

Agora partir, a partir de agora. Ouviu um gemido. Era Jedediah. Ainda vivo. Cornudos traídos, pelo visto, sofrem mais pensou. Aproximou-se dele e disse:

– E aí, companheiro? Como está se sentindo?
– Firmão, parceiro. Estou pronto pra outra. Só me faça um favor e me desamarre aquí, que está meio apertado na mão. Podias ter vindo antes, mas, tudo bem. – Sussurrou monstruoso Jedediah incendiado.

Barth riu com ironia maliciosa e atalhou:
– Só está de pé, por estar amarrado pelas axilas Jedediah. Suas mãos, que foram atadas com arame farpado, perderam a circulação ficando irremediavelmente pretas e mortas, só não percebeste isto; por ter ficado insensível e além disto, tua mulher as amputou com ferro em brasa durante a tua tortura.
– Mas eu agüento muita coisa ainda cowboy. Qual é seu nome filho?
– Meu nome não importa, Jedediah. Deixe-me explicar-lhe melhor sua situação. Ferrado! Estás fodido irmão!!! Só não morreste ainda, por ter sido imensamente ferido por ferro em brasa que, cauterizou os ferimentos prevenindo hemorragias, mas virão infecções em breve. Quem lhe fez esta cobardia foi Vivien. Tu sabes, não é?
– Sim, creio que sim, talvez. Mas eu estou me sentindo firmão mesmo parceiro. Cof, cof, cof... Hmpft.
– Ah Jedediah, você é um homem obstinado e teimoso. Veja bem amigão; você está castrado e cagado. Teus testículos caídos sobre suas botinas. Tuas mãos estão negras espalhadas pelo chão. Teus dentes foram todos quebrados. Você não possui mais a orelha esquerda. Seu olho direito explodiu sob alta temperatura. E toda a tua face, cabeça e pescoço estão derretidos e desfigurados irremediavelmente; por causa do carvão incandescente que estava no balde e vejo daqui, algum intestino, saindo pelo umbigo.
– Não é bem assim, amigo sem nome; eu tô firmão parcêro! Acredite! Cof, cof, wooow-argh!
– Olha ô corno reticente, vamos fazer assim; feche bem os olhos e endureça o pescoço que vou te liberar então. Preparado? Você vai ficar bem...

Gordo Jedediah, fez o que lhe foi sugerido. Barth sacou novamente sua faca de caça, cravando-a com toda força total no topo da cabeça daquele ser humano, enfiando-a crânio a dentro; até a ponta ofender os ossos da coluna vertebral da nuca. Para remover sua faca daquela encrenca, teve que usar um alicate de ferraduras que estava por perto. Sentia calor e as calças apertadas, por causa da prata. Controlou-se. Catou o farto saco de couro cheio de serpentes cascavel, jogou-o nos ombros. Subiu para o mezanino e, da janela saltou sobre o lombo de seu forte cavalo malhado, que saciado da sede, o aguardava fielmente lá em baixo. Saiu num galope discreto, pensando em tudo e em nada; enquanto deixava mais um lugar miserável para trás, perdendo-se numa escura e fria noite estrelada perfeita.



The End

Nenhum comentário:

Postar um comentário