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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Chumbo e Bala



Por: gu1le


Olá para todos! Boa tarde, boa noite, bom dia! O tempo tá bom, os ventos macios, o céu tá varrido, eu tô quentinha e, o rio ainda corre para o mar. Então, olá! Tudo de bom para os senhores e para as senhoras. Meu alô mando também, pros menino e pras menina menor. Enfim, pra todos que estão lendo minha história. Agora permitam-me apresentar-me.

Eu sou a bala na cabeça de Burt. É isto mesmo, eu sou a bala na cabeça de Burt. Imagino que você deve estar decepcionado pois, se eu sou a bala na cabeça de Burt; então Burt deve estar morto certo? É, pois é aí que você se engana! Pensa de novo.

Hellouuu? Eu disse que era a bala que atravessou a cabeça dele?
Não.

Eu disse que era a bala que explodiu a cabeça dele?
Também não.

E eu disse, que era a bala que ao atravessar a cabeça dele a explodiu em pedaços como uma abóbora podre e, foi cravar-se num muro rajado de sangue?
Na-nani-na-não. Também não, também não.

Eu lhe disse que tipo de bala era? Ene-á-ó-til, não.

E se eu fosse uma bala de Extasy? O que claro, não é o caso pois, eu sou uma legítima bala de chumbo. Estou te explicando estas coisas, para que você abra a mente para esta história, a minha história de como fui parar na cabeça de Burt.
Ele modificou minha trajectória neste mundo. Me deu um lugar pra morar. Ele é importante pra mim, sabe? E eu? Eu mudei a vida dele. Mudei a forma dele ver o mundo. Mudei o mundo pra ele. De dentro para fora, do jeito certo que tem que ser feito.

Eu e meu mano, estamos correndo juntos já faz um tempinho uns anos, quatro ou cinco anos. Eu me hospedo numa parte do cérebro que, para minha sorte é muito pouco usada por Burt, por isto, aqui tenho bastante espaço. Estou bem não se preocupe comigo que, estou bem. Até agora. Preciso apenas redecorar o ambiente aí estarei em casa. Qualquer coisa eu te mando um SMS e e-mail com as fotos em jpg do meu cafofo. Burt é alto, moreno claro, não tem barriga, é um feixe de músculos careca. Tem pouco cabelo, então raspa a cabeça. Um bom lugar pra se morar.

Mas voltando a vaca fria, tem umas paradas me incomodando mas, num é béeem comigo.

Veja:

Quem tem problemas grandes mesmo é Burt. E estou sabendo, que tem uma porrada de outras balas querendo entrar na cabeça de Burt. Não só na cabeça. Nas perna, nos pulmões, no estômago, coração, nos intestinos deste meu mano que, me deu um lugar tão aconchegante pra ficar. Eu tenho muitos amigos aquí. Não vou sair. Não pago aluguel, por que eu invadí, mas protegerei ele até o fim e, se algum dia alguém tiver de mata-lo; este alguém será eu.

Existem recordações que não se apagam. A gente revive ela, várias e várias vezes como agora. Enquanto eu conto para vocês, eu estou lá. Entende?

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Estamos, fugindo em desabalada carreira. Tá escuro. Aqui é um vasto matagal que rodeia um lixão que nunca viu dias melhores. Estou dando uma dor de cabeça média que mantém meu amigão ligado. Estou também pressionando de tabela, uma parte do cérebro de Burt que o enche de endorfinas e, o alucina ligeiramente dilatando suas pupilas, coisa fundamental neste momento pois, a escuridão é grande ao nosso redor mas, ele graças a minha pressão enxerga como se fosse dia. Estamos deixando nossos perseguidores a pé comendo poeira, mas não estamos rendendo muito em relação a caminhonete e os cachorros Pit-Bull.

Sebo nas canelas cara! Corre, corre, corre mais mano! Mais! Corre mais porrta! Vai seu porrta! Miserável! Corre se não eu mesmo te mato seu fila da pula! Vái morfético infiliz!

Encho ele de adrenalina movendo-me um décimo de milímetro.

Há uma erosão bem á frente uns duzentos metros. Eu sei que você pode ver. Tá escuro, mas você pode ver. Seis metros de largura mais ou menos. Você vai saltar sobre ela Burt. Ora, cale esta boca Burt! Você vai saltar sobre ela sim! Não me diga que não consegue se não, eu paraliso seu lado direito agora junto com o fígado. É Burt seus olhos vão saltar pra fora. É cara, será pior do que a morte. Pior do que aqueles caras vão fazer com a gente. Não me venha com esta conversa de medinho de fresco não. Mais uma vez tâmo quase fud graças à suas bestagens. Vai Burt! Não cara! Não é pra parar na beira do abismo e aí saltar. Olha, vai correndo, isto corre mais, salta com uma perna só no ultimo momento para cima, isto. Pra cima, não para frente, isto. Agora continua correndo que nem um retardado, enquanto estamos no ar. Isto mesmo, por que também caminhamos pelo ar (resistência mínima) e aí, quando você tocar solo, ou você perde o equilíbrio e cai rolando de lado ou, continuamos correndo.

O macio pasto barba-de-bode do outro lado, recebe os pés da gente. E conseguimos. Sartamo fora. Saímo di banda. Iúrrrú! By-by otários. Vemos as luzes de uma auto-estrada. Não devemos nos expor. Vamos à ela. Vamos caminhando ao lado dela, abaixo dela de preferência. Vamos pela vegetação que esconde os campos dos motoristas. Acharemos muitas coisas por lá eu sei.

Apesar de eu estar vestida de Burt, sinto-me miserável ao ver ele em farrapos. Vamos Burt, procure. A estrada sempre deixa presentes para os andarilhos que sabem enxergar. Uma mala com roupas ou, um tênis semi-novo...

Um único pé de salto alto agulha metálico, nos coloca novamente em confusão. Foi momento meu de distração e, meu brow depois de catar o salto, ver que não cabia no pé dele atira-o sobre os ombros. O salto, cai na auto-estrada acima da gente uns dois metros. Caminhamos uns cinco metros, aí ouvimos o som de pneu explodindo, freiada, colisão, metal rompendo-se. Ô manoooooo? Poooooo**a Burt?!

What a Fuck?

Seu desmiolado!

De novo?

Já tava difícil. Agora, lascou de vez.

Ouvimos o ronco alucinado de um motor em giro total sem atrito e, primeiro um carro esportivo preto passa voando sobre nossas cabeças. Na seqüência uma caminhonete amarela cruza o ar, meio de lado. Ouvimos gritos. O carro bate de bico no chão espirrando grandes torrões de terra, grama e um passageiro. Ainda capota duas vezes e depois, fica com as rodas pra cima girando. Os faróis, iluminando a madrugada fria. A caminhonete. se choca lateralmente em gabiões, Brang! Prang! Scrrraaaatch! E fica parecendo uma panqueca, ou um omelete o que preferir, seus faróis também iluminando o sereno gelado da madrugada. O esportivo preto, ilumina a auto-estrada e parte da caminhonete. Já a amarelinha, ilumina um rio que passava ao fundo de uma ravina rasa de granito.

Fumaça de gasolina, cheiro de relva molhada e sereno da madrugada. Existe algo melhor que um aroma destes? E fumaça de gasolina, sereno da madrugada, mato molhado, piriguetes perfumadas em roupinhas apertadas, som auto-motivo, droga e escocês black label? Pois é meu amigo. Eu e burt temos agora tudo isto bem na nossa frente. Esmagado, partido, rachado e acho que vai explodir mas, por enquanto bem na nossa frente. Vamos a coleta. Não tem jeito a gente tem que viver né?

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Olá para todos! Sem mais delongas vou também apresentar-me. Eu sou, o Chumbo da bala da cabeça de Burt. Sou por assim dizer, a alma da bala que está na cabeça de Burt. E lhes garanto uma coisa; não acreditem neles. Estes dois, são uns imprestáveis. Só vivem criando confusão e nos colocando a todos em encrencas. Um dia destes vocês vão saber a minha versão da história e, saberão a verdade. Agora eu tenho que ir, vou lavar uns pratos na cozinha que está uma bagunça. Não esqueçam-se de mim amigos. Eu sou o Chumbo da bala na cabeça de Burt.

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Ah... percebo! Vocês conheceram o Chumbo não é? Enquanto eu fui ali no banheiro, ele veio aqui tomou conta do corpo de Burt e meteu o pau na gente né? Pois bem. Eu não vou nem apagar. Nem apagar. Pois, o chumbo é um mentiroso de primeira. Só porque eu sou a forma, e ele é o conteúdo; não tem que ficar se achando melhor que ninguém não. Nós somos todos iguais e tâmo tudo na mesma médra. O que mata Burt eu acho, é o Chumbo. Pronto falei. O Chumbo é parte de mim, mas eu tinha que falar. E pior, o Chumbo ama Burt mais que eu. Ô vida complicada né?

Mudando de pau pra cacete, voltemos a vaca fria.

Grande foi nossa surpresa, ao percebermos que a caminhonete arrebentada era a mesma que nos perseguia pelo lixão. Imensa foi nossa alegria, por constatarmos que dois dos nossos perseguidores estavam vivos. Não por muito tempo. Eu e Burt iremos à forra!

Antes de irmos à forra primeiro, sexo, drogas e forró universitário. Vejamos este esportivo preto.

Nos agachamos e observamos o motorista era um jovem bombado. Já de cara, notamos que o sofisticado esportivo não tinha air-bags. O volante estava afundado na cara dele e, todo o painel sofisticadíssimo do carro, estava coberto de carne e sangue assim como o teto do carro. A passageira do banco da frente, que não usava cinto de segurança foi cuspida-ejetada no primeiro baque, e de onde estávamos, dava pra ver que agora namorava uma árvore cascuda ou então; estava tentando entrar dentro dela na marra. O carinha no banco de trás no lado do motorista, foi empalado no abdômen pela barra de direção, junto com o motorista morto; gemia baixinho sangrando pela boca. No teto, grandes bolas de sangue e vísceras estavam a ser formar. A garota ao lado dele chorava, mas não parecia ter sofrido nada de grave; apenas cortes superficiais. É, ela estava de cinto de segurança. Quando ela moveu uma perna debaixo do banco, apareceu uma garrafa de escocês lacrada junto com um saco branco e copos plásticos. O saco a gente jogou fora. O escocês, a gente derramou em um dos copos e bebeu umas belas goladas apenas para espantar o frio. Retiramos a menina pelo outro lado do carro, e a estendemos no chão de barriga para cima, só isto. Fomos para a traseira do carro e demos um chutão no porta-malas que se abriu derramando barraca de camping, mala com roupas masculinas, femininas, comida e garrafa d'água. Tiramos a sorte grande (temporariamente), graças ao azar de Burt. Aposto que tudo isto será péssimo para o Karma dele mas, temos que seguir em frente.

Agora Burt, arranca a roupa. É agora. É bicho, agora tipo neste momento. Ah, esquece o frio. Não! Não Burt, não pode mexer na mala de roupa agora véi! Vai na comida. Come pelado. Depois lava as mão. Aí então, é que você vai na mala de roupa e procura roupas e as veste. Temos que vazar logo daqui, mas vamos sair daqui limpinhos. Comer o quê Burt? Ah coma o que quiser desde que não tenha uma caveira com dois ossos cruzados. O quê? Ah tá bacon cru pode. Ovo cru quebrado pode. Queijo e presunto, pode. Pão pode. Carne crua? Crua mesmo? Você gosta desta merdra assim? Hmmm... então pode. Acabou? Ok! Bebe água. Bochecha. Lava as mão. Ah esqueci, volta no carro e procura todo dinheiro que puder encontrar. Encontrou? Põe uma pedra em cima e vai caçar o que vestir mano. O quê? O bombado era policial? Melhor ainda. Pega os documentos dele também. As roupas encontradas na mala do bombado, serviram bem em Burt apesar de, um pouquinho curtas. Mas é assim que eu gosto de ver meu brow. Casaco de couro, camisa pólo, calça jeans rústica e tênis importado. Adeus frio da madrugada. Mais golinho de escocês e vamos ver a caminhonete amarela.

Nas proximidades da caminhonete amarela, encontramos um Taurus carregado e pegamos ele. Perto do riacho, vimos dois homens fortes meio grogues a se levantar. Deviam estar na carroceria, então caindo em campo aberto livre de obstáculos não feriram-se muito.
Burt ergueu a arma e apontou para o que estava mais longe, soltou a respiração bem devagar a seguir efetuou um disparo, atingindo o homem nos peito lançando-o aos berros dentro do rio que espero que o leve para o rio que desemboca no inferno. Fiquei feliz por um instante. Mais uma bala achou um lar. O outro, tentou correr em linha diagonal na direção a auto-estrada. Burt correu atrás, ligeiro como um lobo negro. Disparou um tiro e o homem caiu de joelhos. Disparou mais um e o homem arqueou as costas. Disparou o terceiro tiro e, a cabeça do homem explodiu. Tomamos mais um golinho de escocês por que estava muito frio demais, sabe como é né?

Dentro da caminhonete esmagada tudo era paz e quietude. Coletamos munição e algum dinheiro. Estes capangas, não irão escravizar despossuídos naquele lixão. É pagarem que a gente volta. Querendo, cinco famílias pobres podem juntar cinco mil reais em vinte dias. É só pagar que a gente volta.

Quando chegamos na auto-estrada vemos um caminhão atravessado na pista ligeiramente avariado. Está começando a congestionar a estrada. Burt dirige-se a ele e conversa com o motorista. Mostra a arma e lhe dá uma nota de 100. O faz beber o resto do escocês (quase cheia) depois mete um murro na têmpora dele. Arrasta discretamente o motorista desmaiado pro meio acostamento, rola ele suavemente dois metros lá pra baixo, melhor assim, vai ficar bem, vai ficar limpo. Remove o caminhão. Retira a carteira do bombado do bolso, dá uma carteirada de primeira; apresentando-a aos motoristas enquanto escolhe um carro para nossa fuga. Iremos de carona buscar reforços. Kkkkkkk. Foi tudo muito ligeiro. Polícia e bombeiros ainda demorarão uns vinte minutos. Até lá, eu e ele estaremos longe.

E é por causa deste tipo de vida que nós levamos, que eu sou a bala na cabeça de Burt.


Fim


Ps1
Oi, eu sou Burt. Coitado do Chumbo, não sabe que é fruto da minha imaginação.
Ps2
Oi, eu sou Chumbo. Coitada da bala; ela não sabe que é fruto da minha imaginação.
Ps3
Oi, eu sou gu1le. coitado do Burt, ele não sabe que é fruto da minha imaginação.
Ps4
Oi, eu sou a Mente, coitado do gu1le ele não sabe que é fruto da minha imaginação
Ps4
Oi, é a bala novamente. Estes todos acima estão delirando.
Todo mundo sabe que quem manda nesta bagaça é a bala! Vai encarar?

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